sexta-feira, 18 de maio de 2007

Doce boneca partida...


Doce boneca de porcelana,
De finos traços,
De bochechas ruborizadas,
Que por ti tudo fez,
Que por ti deu a vida,
Que por ti perdeu o coração.
Boneca de porcelana,
Com que brincavas,
Que os suaves e lisos cabelos acariciavas.
Boneca que despias e vestias,
Que manipulavas em teu belo prazer.
Que apenas esperava
Pelo teu olhar carinhoso pousado em si...
Boneca dos olhos verdes
Que teus passos seguia,
Que ansiava a tua chegada,
E que com ela voltasses a brincar.
Mas a doce boneca,
Tornou se amarga de tanta espera.
Deixou de acreditar no teu carinho e palavras...
Levantou se da prateleira a que a tinhas confinado...
E partiu se,
Em mil e um pedaços.
Mas os cacos...?
Esses?...
Ela juntou os e colou os
Um por um,
Com a raiva que lhe deixaste.
Mas de todas estas finas peças
Deste delicado puzzle de porcelana,
Houve uma que ficou despedaçada
E não houve cola que juntasse...
O seu delicado coração,
Partiu-se...!
Sem hipótese de o colar...

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Salvar a Pátria...


Por entre os escombros do meu país
E por entre as memórias de um passado recente,
Nada me parece real.
Encontro-me sentada,
Calmamente,
Num navio à beira do naufrágio.
A minha juventude vai passando,
Calmamente,
À mesma velocidade que tudo à minha volta se afunda.
Sou jovem, sou livre, pelo menos assim dizem!
Pois não é assim que me sinto.
Vejo-me encostada entre a espada e a parede,
Presa!...
Entre o passado que tenho de honrar,
E o futuro, em que não posso deixar de triunfar...
Um dia de cada vez...
Tudo vai passando,
E a minha juventude também...
E tudo afunda,
Em conformidade com esta nação,
Em que cresci, me formo e vivo...
E nem vislumbro tentativas de um salvamento,
Onde andam os tão falados salvadores da pátria?
Serei eu?
Toda a minha geração?
E ninguém tem a decência de nos avisar?
Então?...
Deixem me ser jovem,
Deixem me salvar aquilo que foi destruído pelos velhos do Restelo!

sábado, 12 de maio de 2007

Perdida...


Sinto me só...
Perdida no mundo,
Perdida no espaço e no tempo...
Tão perto de todos, tão longe de mim.
À volta uma multidão,
Dentro de mim um vazio.
Tento encontrar me ,
Mas acabo por me perder...
Ainda mais...
Sempre mais...
Sinto o tempo a passar por mim...
Mas ele não me sente...
Eu vejo o mas ele não me vê,
Não me sente,
Não sabe da minha existência...
Será que existo?
Será que isto é existir?
Sim! É existir...
Mas não é viver,
É isso, eu existo, mas não vivo, tampouco sobrevivo...
O tempo não me sente, as pessoas não me vêem,
Eu não vivo...
Tudo o que vejo é escuridão.
Tudo não!
Apenas o meu mundo é obscuro,
Eu vejo os outros, eles não me vêem !
O mundo deles não é igual ao meu.
Não! O meu mundo é que se diferencia do deles...
Eles são felizes...
E eu?? Serei feliz? Não...
Mas também não sou infeliz...
Simplesmente não sei o que é a felicidade... Nem a infelicidade...
Não sei nada...
Eu não sinto, eu não vivo.
O tempo continua a passar,
Eu paro, mas ele não.
Eu não vivo,
Mas ele tem de fazer com que todos os outros vivam.
Mas porquê todos os outros e eu não?
Porque será que o tempo não me dá a mim
A vida que dá aos outros?
Ou será que ele me a dá, e eu não vejo?
Não a vejo ou não a quero ver?
É isso...
O tempo passa...
A vida corre...
Tudo passa. Nada fica!
A vida não pára, tal como o tempo.
Fui eu que me deixei ficar para trás.
Perdi me do tempo,
Distanciei.me da vida...
Não sei se me apetece correr, lutar, para apanhá los.
Ao tempo e à vida...
Não sei se vale a pena, não sei se tenho tempo,
Ele fugiu...
A vida fugiu com ele... Eu fiquei...
Sozinha!...
Perdida do mundo,
perdida no espaço e no tempo...

Não desistas....


Foste, és e serás sempre!
Das coisas mais importantes da minha vida,

Preciso de ti,

Como do ar pra respirar.
No dia em que te perder,
Perco me a mim também...

Sinto te em mim a toda a hora,
Fazes parte de mim deste sempre,
O teu sangue corre nas minhas veias,

E é com os teus olhos que tento ver o mundo!

Mas os meus olhos não são os teus,

E eu, por mais que me esforce,
Nunca serei a tua pessoa,

Nunca conseguirei sequer assemelhar-me a ti,

Pois o teu carácter é incorruptível, e eu?

Pois bem...

Tu sabes aquilo que sou...

Foste tu que me educaste e encaminhaste,
Mas não!

Tu não falhaste!
Em mim, tu nunca falhaste!
Fui eu!

Fui eu que me revoltei,
Por ser tão parecida a ti,

Quis me diferenciar,

E hoje arrependo me de certos caminhos
Que percorri sem a tua mão no meu ombro,

Sem o teu olhar no meu percurso.

Mas nunca é tarde.
E enquanto há vida, há esperança...
E eu tenho esperança,
Que te voltes a orgulhar de mim,
Que me voltes a olhar com carinho,

Sem mágoa pelo passado...
Por isso peço te com todo o meu coração,

Que tanto te ama...

Não desistas de mim!...

Leva-me!!



Leva-me!
Por favor, leva-me para longe,
Bem longe deste quotidiano tributável e repetitivo,
Leva-me para onde possa viver ao meu jeito,
Sem taxas, sem prestar satisfações,
A quem quer que seja.
Leva-me para onde eu seja quem eu quiser,
Onde seja livre de sonhar,
E transpor o sonho para a realidade,
Onde eu viva sem medo de que cada batimento do meu coração,
Cada inspiração de ar possa ser a última...
Leva-me!
Para onde as árvores se pintam de dourado,
E o céu de laranja quando sol se esconde por detrás do horizonte!
Transporta-me para onde a beleza seja indiferente,
E todos os rostos sorriem quando um dia novo nasce!
Leva-me contigo,
Para onde os corpos unidos comungam de prazer mútuo,
Onde o pecado não existe,
E o sexo é a comunhão de dois corpos insatisfeitos
Em busca de prazer e satisfação total...
Leva-me, por favor!
Pega em mim, rouba-me deste marasmo diário,
E leva-me pra esse mundo,
Onde tudo deixa de existir,
Até as verdades mais irrefutavéis.
Onde sou feliz, por momentos...
Leva-me, como já me levaste!
Leva-me novamente,
Para os teus braços, para a tua cama,
Para debaixo dos teus lençóis.
Porque lá,
Há um mundo bem diferente daquele que eu conheço.
Onde tudo passa a fazer sentido,
E nada... mas mesmo nada...
Me perturba!
Leva-me!
Por favor, leva-me para longe...

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Eu... Simplesmente eu...



Rio-me,
Choro,
Fico um pouco histérica,
Acalmo-me,
Esqueço tudo o que alguma vez aconteceu,
Penso em tudo aquilo que já aconteceu vezes sem conta.
Observo-me ao espelho,
Aprecio-me ao espelho...
Apetece-me partir o espelho!
Dispo a roupa e começo a dançar,
Dispo a minha roupa e atiro-a para o chão.
Ponho tudo de pernas para o ar.
Deixo tudo onde está para que outra pessoa arrume,
Apercebo-me que afinal de contas sou sempre eu que arrumo tudo.
Canto muito bem,
Canto muito mal.
Como coisas que não devia comer.
Dobro-me e observo os meus músculos,
Deixo de me dobrar e reparo nas minha cicatrizes.
Gostaria de saber como ficaria se fosse morena,
Se fosse ruiva,
Gostaria de saber como ficaria se fosse velha!
Pinto me como nunca faria se fosse para a rua,
Experimento roupas que nunca vestiria em público!
Olho para os meus seios,
Imagino-os maiores,
Mais pequenos,
Mais arredondados,
Mais firmes,
Menos firmes,
Mais bonitos,
Mais feios,
Aceito os meus seios tal como são!
Escondo-me!
Respondo ás pessoas e ganho.
Tenho fantasias em que a estrela sou eu,
Grito comigo própria, perdoo-me,
Ensaio aquilo que irei dizer amanhã,
Aumento o volume do rádio para não ouvir nada,
Abro a torneira da água para não ouvir o rádio,
Perco-me, Imagino-me numa ilha deserta,
Mas com outras pessoas muito atraentes,
Rezo, procuro os meus defeitos,
Aceito esses defeitos, e procuro outros!
Faço caretas ao espelho,
Vejo como é que fico com ar de sedutora,
De amuada, de zangada,
De surpreendida, de chocada,
De impressionada, absorta.
Tiro os anéis, olho para mim nua.
Olho para mim e gosto do que vejo!