quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Deleita me



Olhas me nos olhos, profundamente,

Perscrutas a minha alma à procura das minhas fraquezas,

Quando a minha fraqueza está diante de mim.

Sinto esses mesmos olhos percorrerem me o corpo,

Despindo me lentamente, muito lentamente.

Quero que esses segundos durem para sempre,

Que a magia não seja quebrada,

Que as nossas vozes não dispersem o denso silêncio que se abateu entre nós.

Fecho os olhos e gravo todos os pormenores em mim,

Sinto te aproximar, sinto te respirar, sinto te os pensamentos.

Quero te sentir em mim…

Percorres me com a ponta dos dedos,

Reconhecendo me, como se tivesses perdido a visão…

Cheiras me para conservares contigo o meu odor,

Saboreias me a pele, os lábios a língua,

Como a uma refinada iguaria.

Continuo de olhos cerrados …

Não quero saber se é realidade…

Sussurras me ao ouvido...

Um arrepio… esboço um sorriso…

Sei que estás comigo,

Sei que me dás prazer,

Desejo te como mulher que sou…

Então deleita me como homem que és…

Quero gritar, Quero gemer o teu nome…

Quero cansar me e suar contigo,

Adormecer nos teus braços,

E saber que há coisas que nunca mudam…

Que nunca hão de mudar…

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Mendigo és tu...


Mendigo és tu;
Que diariamente és assolado pela necessidade de mendigar, por um pouco de pão, por um pouco de dignidade para a tua estéril vida.
Mendigo és tu;
Que prescindiste da respeitabilidade, que prescindiste do orgulho, e nenhum desses sentimentos te resta.
Mendigo és tu;
Que enterraste o amor ás pessoas e ás coisas, por debaixo de uma camada de sujidade e de alguns trapos esfarrapados que mal te cobrem esse corpo acabado.
Mendigo és tu;
Que vives com um espeto de pesar cravado no coração.
Mendigo és tu;
Que esqueceste os sonhos pra te dedicar a uma vida bem real de mágoa.
Mendigo és tu;
Que foste esquecido e pisado pela sociedade que te alimenta.
Mendigo és tu;
Que enfrentas o frio da solidão da noite, coberto por uma simples folha de jornal.
Mendigo és tu;
Que suportas o olhar de desdenha e troça dos demais.
Mendigo és tu;
Que te limitas a sobreviver a uma vida que te abandonou.
Mendigo é tu;
Que nos teus olhos há muito não brilha a esperança.
Mendigo és tu;
E para sempre um mendigo, porque morrerás esquecido sem nunca ninguém te ter estendido a mão, porque afinal nunca pediste ajuda.
Nunca pediste muito,
Pediste pão em vez de amor,
Pediste água em vez de amizade,
E o pouco que pediste, negaram te.
Foste um joguete do destino.
Um simples joguete...