segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Verde de inspiração



Afogo me neste copo,
Que me afoga as mágoas.
Deixo me levar por uma fada verde inconsequente...
Viajo por terras a mim desconhecidas,
E por outros adoradas...
Vicio me neste gosto letal de pecado,
Travo amargo o da tentação,
Cheiro ocre o do vício.
Deixo me consumir pelas sensações,
Deixo me alucinar na total lucidez do absinto.
Tantos que nele cairam,
Tantos que se deixaram seduzir...
Entendo agora o porquê....
Esqueço tudo, embriago me,
Perco tudo!
De uma só vez...
Mas quando subitamente me sinto como nunca senti...
Livre de pensamento...
A divagar,
A ansiar a inspiração das fadinhas verdes...
Que loucura...
Diante deste copo...
Que mata e consome as almas,
Também eu desejando ser consumida,
Pelo génio dos que a ele o consumiram...

sábado, 24 de janeiro de 2009

Porque amamos?
Porque nos prendemos a alguém que nos faz sofrer?
Achamos que podemos esquecer,
Seguir outra direcção,
Não pensar mais...
Libertar mo nos do passado...
Mas Não!
Porque amamos?
E ao amar não esquecemos,
Passe o tempo que passar,
Venham quantas traições vierem.
Apareçam quantas paixões quiserem...
Porque amamos?
Estar nos braços de alguém,
Com a mente mais além...?
Não poderei só aproveitar o momento?
É tudo o que quero!
Esquecer!
Não voltar a amar!
Para não sofrer,
Divertir me quando me apetece,
Com quem me apetece,
Sem uma consciência pesada,
E um coração prisioneiro...
Puro divertimento, é o que quero...
Então porque amamos??

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Entreguei o meu coração


Entreguei o meu coração,
Hoje decidi entregá lo...
Quis que o levassem
E não me o troxessem de volta...
Fechei-o a sete chaves,
Pra não me descobrirem os segredos,
Embrulhei o com uma linda fita,
Pra adornar este insipido músculo.
E saí para a rua com o meu coração nas mãos,
Abordando quem não conhecia,
Dizendo que oferecia este coração problemático,
Dependente de afecto e paixão,
Com algumas mossas,
Mas acima de tudo um coração semi-novo,
Em bom estado de conservação
Que tinha sido sempre tratado com carinho!
Quando estava prestes a desistir de o oferecer,
Fui abordada por um estranho,
Que ansiava trocar urgentemente de coração...
Dizia que o seu era cego, e estava bastante maltratado,
Que não aguentava mais...
Avisei o sobre as depêndencias, e a miopia que o meu possuía,
Mas o sujeito não se pareceu importar...
Queria qualquer um... menos o dele!
Passei o meu pequeno e delicado coração para as suas mãos,
Despedi me demoradamente, e deixei o partir...
Deixei um estranho levar me o coração...
Não sei se o voltarei a ver!
Não sei!
Mas sei que no meu peito,
Há um grande vazio...
Porque eu ofereci o meu coração,
A quem não sei,
Mas sei que não foi a ti...


quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

SHIU...





Não me prometas a lua,
Não me prometas as estrelas,
Não prometas sequer...
Não preciso de palavras,
Nas quais nunca vou acreditar...
Não digas apenas aquilo que julgas que eu quero escutar...
Não digas coisas supérfluas,
Nem mentiras baratas
Ás quais eu digo que sim só pra te enganar...
Não digas uma única palavra da qual eu possa duvidar...
Melhor!
Não digas nada!
Absolutamente nada,
Assim muito simplesmente,
Nem tu me enganas, nem eu finjo não saber...
Coexistência pacifica...
Entre ambos...
Acaba-se tudo e vivemos felizes na pura ignorância...
De bocas caladas, mas de mãos dadas...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Jogando com a Solidão




Fecho os olhos e deito me no tapete,
De luzes completamente apagadas
Apenas a lareira me alumia o corpo e a alma...
Aninho me e enrosco me um pouco mais em mim.
Só! Apenas eu e um copo de vinho...
Houve tempos em que a solidão me assustava,
Houve tempos em que fugia dela...
Hoje não!
Procuro a constantemente,
Desejo a como companheira das longas noites acordada...
Companheira das minhas viagens ao passado,
Longas regressões sem prazo finito...
E quando volto,
Ela está lá, fiel consorte das noitadas vazias...
Leva me a reencontrar os meus fantasmas,
Vigia me o sono...
Busca por mim quando não estou...
Nesta casa repleta de solidão, já não me encontro a mim...
Apenas a ela,
A jogar à sueca com os fantasmas do meu passado...
Já me habituei...
Já não me assusto...
Sou eu, ela e os restantes companheiros de cartada...
Noites a fio,
Esperando o dia em que todos terão de partir
Rumo ao destino da multidão...

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

meia noite e um...




Nada mudou...
Passou o segundo, passou o minuto,
E o tempo flutuou entre o crepitar do fogo
E o burburinho da pólvora no ar...
O silêncio invade me...
Amordaça e vilemente escorraça
O doce prazer da conversa...
Observo a não necessária presença de mim...
Revolvo memórias,
Aplico paradigmas numa vã tentativa de descontinuar,
O segundo em que a vida se resolve...
Será assim tão magnânimo o seu valor,
Que me esqueço de tudo o resto?
Ou atribui-lhe eu um preço que não serei capaz de pagar?
Nada mudou...
Nem nunca mudará...
O vento, vento será...
E o relógio continua o seu tic-tac..
E continuo absorta no sofá...
Pensando quais serão as minhas resoluções...
E se realmente farei resoluções...
Porque nada muda...
E eu não sei se quero mudar...