quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Mendigo és tu...


Mendigo és tu;
Que diariamente és assolado pela necessidade de mendigar, por um pouco de pão, por um pouco de dignidade para a tua estéril vida.
Mendigo és tu;
Que prescindiste da respeitabilidade, que prescindiste do orgulho, e nenhum desses sentimentos te resta.
Mendigo és tu;
Que enterraste o amor ás pessoas e ás coisas, por debaixo de uma camada de sujidade e de alguns trapos esfarrapados que mal te cobrem esse corpo acabado.
Mendigo és tu;
Que vives com um espeto de pesar cravado no coração.
Mendigo és tu;
Que esqueceste os sonhos pra te dedicar a uma vida bem real de mágoa.
Mendigo és tu;
Que foste esquecido e pisado pela sociedade que te alimenta.
Mendigo és tu;
Que enfrentas o frio da solidão da noite, coberto por uma simples folha de jornal.
Mendigo és tu;
Que suportas o olhar de desdenha e troça dos demais.
Mendigo és tu;
Que te limitas a sobreviver a uma vida que te abandonou.
Mendigo é tu;
Que nos teus olhos há muito não brilha a esperança.
Mendigo és tu;
E para sempre um mendigo, porque morrerás esquecido sem nunca ninguém te ter estendido a mão, porque afinal nunca pediste ajuda.
Nunca pediste muito,
Pediste pão em vez de amor,
Pediste água em vez de amizade,
E o pouco que pediste, negaram te.
Foste um joguete do destino.
Um simples joguete...

Sem comentários: