domingo, 7 de outubro de 2007

Tudo ou nada...




Cheguei silenciosamente,
Como chega a morte...
Deitei me a teu lado,
Pedi te que não me fizesses perguntas,
Pois não tinha respostas para te dar.
Quis me deixar ficar ali,
Intemporalmente,
De olhos abertos,
Fixos no abismo que nos separava.
Não havia raiva,
Não havia ódio,
Não havia amor...
Não havia nada!
Todo o meu ser era um imenso vazio...
Um poço sem fundo,
Onde o eco predominava.
E em mim era apenas isso que eu ouvia.
Um intenso eco de dois corações a fecharem se num ruído ensurdecedor.
É estranho estar aqui deitada a teu lado,
E não sentir nada,
Absolutamente nada,
Porquê?
Se o sexo era bom...
É que nem o desejo ficou...
Éramos amigos,
Agora somos simples desconhecidos,
Deitados lado a lado,
Sem intenções de nos apresentar mos mutuamente.
Ai... Triste condição humana...
Sujeita ás vontades alheias...
Sujeita ao nada que somos,
E ás ilusões do tudo que queremos ser...

Adeus


Se eu partir amanhã?
Vais sentir a minha falta?
Será que vais buscar a minha presença nas pequenas coisas?
Será que vais chorar na hora da despedida?
Se eu partir amanhã,
Vais-me esquecer?
Vais continuar a tua vida,
Como se eu nunca tivesse existido?
Será?
Vou partir,
Para longe,
Onde nunca me encontrarão!
Não sei quando!
Mas sei que tenho de partir.
Por isso guarda as lágrimas que nunca choraste,
Guarda os sorrisos que nunca me deste,
Guarda os segredos que nunca partilhámos,
Guarda tudo!
Porque para onde eu vou, não preciso de nada daquilo que nunca tive.
Porque vou partir,
Amanhã,
Depois de amanhã,
Um dia destes...
Quando chegar a hora.

E tu não sentirás falta,
Não chorarás!
Porque não podes lamentar a partida de quem nunca tiveste!

Vamos fugir!


Vamos fugir!
Sim!
Vamos fugir!!
Vamos sair daqui, para longe...

Fingir que nada nos importa, que somos livres!

Não importa para onde...

Quero ir contigo, de mão dada, sem olhar para trás,
Sem me preocupar...

Quero ser imatura, e fugir aos meus deveres,

Às minhas preocupações...

Quero ir, sem saber se vamos voltar...

Tenho te a ti!

Isso basta-me,

Pois é contigo que quero fugir,

Para lá do horizonte,

Para junto das estrelas,

Para onde não nos encontrem,

Onde eu e tu somos reis,
vamos...

Por favor, vamos agora!

Fecha a porta do quarto,

Dá me a mão,

Porque vamos fugir.

Fugir para os nossos sonhos!

sábado, 6 de outubro de 2007

Estrada da vida


Caminho sozinha por uma larga estrada de pó,
Emoldurada por altos cipestres que quase tocam o céu,

Não me sinto!
Nem sequer te sinto a ti!

Caminho apenas, no vazio,

Em direcção ao meu destino desconhecido,

Sinto que a cada passo me aproximo um pouco mais,

De onde?

Não sei!
Mas continuo a caminhada,

Na esperança de encontrar tudo aquilo que nunca procurei.
Choro o meu fado,

De percorrer o caminho da vida descalça,
Sem lembranças,
Sem saudades de voltar onde nunca estive.

Lá vou eu em direcção ao infinito,
Presa ás memórias do que fui, do que sonho vir a ser,

E na ignorância do que me aguarda.

Ai destino cruel,

Que me mantens no desespero de aguardar a tu chegada,

De aguardar que caias sobre mim como uma pesada pedra,
Que me arrastará para as águas profundas de uma vida que não escolhi!