sábado, 12 de abril de 2008

Esquecer me de mim....



Puxei de uma cadeira,
Acendi o meu vício...
E sentei-me.
Ali permaneci intemporal mente.
Senti o meu pensamento a esvaziar,
Senti a vida passar me ao lado...
Senti o meu coração abrandar!
E a esquecer tudo!
Esqueci me de quem era,
E quis ser uma árvore,
Com raízes bem assentes no chão
E uma vida inteira pra crescer.
Mas não uma árvore qualquer!
Uma daquelas que dão flor...
E as pessoas gostam de admirar,
E quando as admiram
Esquecem se de quem são!
Uma árvore em que me pendurassem
Uma corda e um pneu velho...
E crianças inocentes em mim se balouçassem...
Onde os pássaros arrulham em dias de sol...
E se abrigam nas intempéries...
Quis ser daquelas árvores,
Em que os enamorados,
Escrevem juras de amor eterno,
Sem pensar na sua efemeridade...
Uma árvore...
Uma simples árvore...
Espectador espectral,
De vidas inteiras...
Quis ser como esta árvore!
Que tudo vê...
Que tudo sabe!
Mas nada conta!

5 comentários:

Anónimo disse...

:) … Sublime!

Li, reli… e luto comigo próprio pois, metade de mim gostava de ter parado no “sublime” (teria mais estilo, ficaria talvez melhor, mais coerente com o que já disse – apreciar sem analisar) mas a outra metade (ganhou) sente necessidade de te dizer algo mais…

“Senti o meu pensamento a esvaziar,” – nunca consegui sentir isto…

Continuas a deixar imagens que me agradam… ao ler penso “eu já pensei isto!” não necessariamente como as mesmas palavras mas já senti o que descreves… essa vontade de ser eterno (ou quase) e ao mesmo tempo não existir… a noção de que tudo o que sei parece não servir de nada pois há tanto mais que não sei e se soubesse de que me serviria?... divago… deleito-me a arranjar segundos sentidos para os teus versos, a lê-los noutros planos, com outros olhos…

A mente vagueia e dou comigo a pensar num dos meus poemas favoritos - “tabacaria”- conheces com certeza…

Outra analogia surge-me de repente… tu ou melhor este teu blog, é como um cubo mágico onde cada vez que o rodas o padrão da face para a qual estamos a olhar muda mas continua a deixar-nos maravilhados!

FATifer

Anónimo disse...

Sou seu fã, fato!

li quase todos seus poemas e eles são perfeitos *.*
as fotos, lindas!

amei msm, parabéns pelo blog...

Achei sei querer numa pesquisa pelo google, mas jah tah entre meus favoritos!

crazy_girl disse...

Adorei este teu comentário...

"sente necessidade de te dizer algo mais…"
Continua dizer esse algo mais que eu adoro, por uma vez, em vez de ser eu "O critico", é a minha "obra" alvo de critica, e é bom este papel...
(Isto porque estou a(tentar) formar me como critica de arte).

"nunca consegui sentir isto…" Stanislavky grande mestre do teatro realista, ensina algumas coisas deste género que podem ser bastante úteis. ;)

Tabacaria, Claro que conheço e adoro o grande pessoa, o grande campo, mas pra mim o melhor continua a ser "Lisbon revisited". e de Caeiro o poema do menino jesus o nono do "guardador de rebanhos". :)) Sou viciada em pessoa, adoro, vibro.

Vou continuar a tentar ser esse cubo, que maravilha... Pq até mim própria por vezes isso acontece...
Quando acabo de escrever um poema e o leio, nunca o consigo sentir como meu, parece que e quando escrevo me perco de mim... e ao ler parece que leio tais palavras pela primeira vez... Estranho?? LOL

Bjokas ;)

crazy_girl disse...

juhh:

"li quase todos seus poemas e eles são perfeitos *.*"

Perfeitos?? Nunca...! Pq é a imperfeição das coisas que me leva a ecrever... ;)

Obrigado pelos parabéns... sinto me muito bem por saber que quem me lê, gosta daquilo que lê.

E bem vindo a este humilde canto.
Bjokas;)

Anónimo disse...

“Continua dizer esse algo mais que eu adoro”

Enquanto isto for verdade, enquanto sentir que gostas que te diga que eu gosto e sempre que puder, continuarei a dizer-to, continuarei a transmitir-te pelas minhas palavras o que a tuas palavras me transmitem…

“… por uma vez, em vez de ser eu "O critico", é a minha "obra" alvo de critica, e é bom este papel...”

Não posso sequer ter a pretensão de me achar no direito de ser o teu “crítico” (mesmo com aspas)…

“(Isto porque estou a(tentar) formar me como critica de arte)”

Hum… que poderia talvez aprender alguma coisa contigo pois considero-me um ignorante no que toca a arte…

Parêntesis sobre a arte à parte dizer que hoje, domingo, com a angústia existencial que lhe está por vezes associada (pelo menos no meu caso – outro poema: Domingo de Manuel da Fonseca, também deves conhecer…) mas dizia que hoje decidi ler-te de um só folgo, comecei no primeiro e vim até aqui… e a viagem foi excelente, tudo o que já te disse só teria de ser repetido uma vez e outra e mais outra talvez… senti-te em alguns senti-me/revi-me noutros… acho que ainda estou a saborear, da mesma forma que a acontece com um bom vinho em que o sabor perdura para além do momento da ingestão…

“Vou continuar a tentar ser esse cubo, que maravilha...”

Tu és, não precisas tentar ser ;) … apetece-me potenciar a imagem que te deixei dizendo que: este teu cubo é mágico pois cada face parece ter um caleidoscópio o que faz com que, mesmo tu não o rodando, o padrão possa mudar consoante a perspectiva…


“Quando acabo de escrever um poema e o leio, nunca o consigo sentir como meu, parece que e quando escrevo me perco de mim... e ao ler parece que leio tais palavras pela primeira vez...”

Mas depois ao ler “pela primeira vez” identificas-te, certo? E dizes “é impressionante como escolheu tão bem as palavras para descrever algo que já senti!” ;)

FATifer